sábado, 13 de fevereiro de 2010

Momento de assumir.

Vamos falar da dificuldade de partilharmos nosso abrigo particular do resto do mundo. Do difícil momento de assumirmos o amor como confiável, possível e, talvez, duradouro. Do momento crucial em que cedemos uma parte de nossas vidas, talvez a mais íntima, a alguém que conhecemos.

Beth Dunn, escritora de Nova Jérsei, disse que o momento-chave em seu romance com Rick, o homem que se mais tarde se tornaria seu marido, veio no Dia dos Namorados de 1997, quando ele casualmente deu a ela as chaves do seu apartamento. Ele estava na escola de medicina na época, e lhe disse que não queria que ela esperasse do lado de fora se ele se atrasasse na volta da escola. "Tentei me manter calma", disse Beth, 37. "Mas por dentro, gritava: ‘Oh, meu Deus! Ele me ama!’. No dia seguinte, fiz cópia das chaves do meu apartamento para ele. Senti como se tivéssemos ficado noivos, embora isso tenha acontecido só um ano mais tarde", conta.



Apesar da aparente indiferença, Rick Dunn, 43, disse que também levou o momento a sério. Ele tinha se relacionado com outras mulheres antes, mas não havia dado as chaves para nenhuma de suas namoradas anteriores. "Subconscientemente, eu provavelmente sabia que ainda não havia encontrado a pessoa certa", disse ele. "Para mim, dar a chave é caminho para o casamento."



Para muitas pessoas, na verdade, esse pequeno ato é um passo gigante em um relacionamento. Mesmo quando é feito como uma questão de conveniência, dar a chave geralmente tem um significado profundo para ambos os envolvidos, levantando questões de confiança, vulnerabilidade e intimidade. Algumas pessoas nunca se sentem confortáveis fazendo isso. Dunn disse que só conseguiu dar as chaves a Beth quando sentiu uma confiança inabalável e grande conexão com sua futura esposa. Até então, sua casinha sempre havia sido um porto seguro, para não dizer um esconderijo, das mulheres que ele namorava.


"Onde moramos é nosso abrigo particular do mundo, o lugar ao qual retornamos todo dia e onde podemos ser nós mesmos da forma mais verdadeira", disse Ellen Helman, professora do Instituto Psicanalítico da Flórida. "Dar as chaves da sua casa diz: ‘Agora você tem acesso ao meu mundo particular’."


O engenheiro Eric Monte, 37, liberou o acesso do seu mundo particular quando presenteou a chave de sua casa à sua futura mulher, Kamini Geer, médica de Manhattan, em uma caixa de presente dois meses após o início do namoro em 2004. Mas isso não foi fácil para ele.



"Enquanto decidia, minha cabeça ficou me dizendo: ‘Nossa, cara! Você acabou de conseguir essa casa e agora vai desistir dela?", relembra Monte. "Eu resisti muito. Mas não importa o quanto você curta seu espaço, na verdade, uma casinha de solteiro é um lugar solitário". Kamini, 33, chorou: "Dar sua chave para alguém é mostrar sua zona vulnerável", diz ela.

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